Guns N' Roses: o primeiro passo na conquista do mundo


Em 1987, com três shows na lendária – e agora defunta – casa de shows londrina The Marquee Club, o Guns N' Roses dava o primeiro passo para sua conquista do mundo.

À época ninguém sabia ainda, mas o que aquelas três apresentações nas noites dos dias 19, 22 e 28 de junho numa casa com capacidade máxima de 700 pessoas representaria o contrafluxo do maremoto de bandas britânicas que haviam se sedimentado firmemente na cultura dos EUA desde os Beatles na TV estadunidense em 1964. Com nomes do peso e significância dos Rolling Stones, Led Zeppelin, Deep Pueple, AC/DC [escoceses], The Clash, Sex Pistols e The Polica brotando como cogumelos no Império Britânico, bandas do outro lado do Atlântico Norte como Ramones, The Doors, Aerosmith e New York Dolls faziam-se pronunciadas, mas tinham ressonância bem limitada na cultura inglesa – e em comparação a ela também.

Isso mudou a partir da conturbada [desculpe a redundância] turnê da formação clássica do Guns N’ Roses pela terra da Rainha, onde a gravadora Geffen pretendia que o grupo gravasse seu primeiro LP [ideia arquivada logo após essa viagem, quando o staff do selo começou a temer que alguém fosse encarcerado ou morresse de overdose em território estrangeiro entremeio ao processo]. Foi nessa sequência de três shows que o Guns N’ Roses deixou de ser ‘apenas outra banda de Los Angeles’, uma atração local, e tornou-se um competidor de nível mundial, trazendo seu nome – e toda a cena de Sunset Strip – para cartazes e luminosos do centro cultural do mundo, London Town.

Os EUA e a Inglaterra vivem uma interessante simbiose desde que o rock foi criado nos anos 50, e travam uma relação de desdém e admiração pela produção fonográfica um do outro desde então. Para as bandas a Oeste de Nova Iorque, o reconhecimento do público e da crítica inglesa as torna dignas e respeitáveis; para os músicos da ilha, o sucesso na antiga colônia os reestabelece como metrópole. Essa relação é tão latente que chega a ser tangível na mídia especializada e nos bastidores das gravadoras.

O furdúncio causado por Axl Rose e seus asseclas – dentre eles o britânico Slash – repercutiu muito na intensa e esnobe imprensa musical do Reino Unido, e graças à espontaneidade sincericida e, justiça seja feita, competência da Geffen, fez com que a maré voltasse do Oeste e desembocasse do Tâmisa, marcando o início de uma cadeia de eventos que faria do GN’R a maior banda dos últimos vinte anos daquele século.

Ainda que o frescor e o clima de perigo eminente daqueles shows tenham sido perdidos totalmente nos dois anos seguintes, dando lugar a um ambiente corporativo e semi-pasteurizado, restaram a lembrança e a repercussão do que outrora foi ‘a maior banda de garagem do mundo’.
O arquivo abaixo é um registro da performance do dia 28 de Junho, cujo set list você aprecia abaixo [faixas, um, quatro e cinco seriam depois incluídas no EP “Live From The Jungle”, lançado somente no Japão]:

Welcome to the Jungle
Out Ta Get Me
Rocket Queen
Nightrain
My Michelle
It’s So Easy
Mr. Brownstone
Don’t Cry
You’re Crazy
Paradise City
Whole Lotta Rosie
Knockin’ on Heaven’s Door
Move to the City
Mama Kin




Fonte: Whiplash

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