Saiba quem são os críticos citados em "Get In The Ring"


O uso da música como veículo de resposta aos críticos é expediente tão antigo quanto a própria indústria musical: de Dylan (“Positively 4th Street”) e Beatles (“Don´t Bother me”) a Kings Of Leon (“Notion”) transcorrem quarenta anos de jogos de empurra entre artistas e os perscrutadores de plantão. A ocorrência lírica, na maior parte dos casos, procura se valer de metalinguagem; os textos, de modo geral alfinetam ou repudiam de modo velado- são as “pequenas mentes das vacas sagradas” de “All The Nasties” ou a “carga de ratos” de “Cheapskates”.

Em 1991, o Guns N' Roses, entretanto subverteu a lógica e mandou a sutileza para o espaço. “Get In The Ring” foi um discurso inflamado e notoriamente ofensivo que fariam a raiva destilada por Freddie Mercury em “Death on two legs” parecer um chilique adolescente. Trechos como “E esta vai para todos vocês vagabundos da imprensa / Que querem começar a merda imprimindo mentiras” e “Vocês estupram os pobres garotos / Enquanto eles pagam seu suado / Dinheiro para ler sobre as bandas” são exemplos amenos perto de “Foda-se, Chupe meu maldito pau” ou “Suba no ringue, filho da puta / E eu vou chutar seu traseirinho de puta”. Mesmo contextualizados à época (o Guns era a maior banda do planeta e uma grande parcela da crítica procurava realmente sobrepujar a imagem do grupo com comentários inócuos) ficou claro que Axl tinha cruzado a linha tênue do aceitável- situação que com maestria manobrou em “You Could be Mine” ou em “14 Years”- quando cita nominalmente três críticos de publicações renomadas como a Spin e a Kerrang!. Em meio à milhares de versões divergentes sobre os motivos pelos quais foram apontados, um deles chamou Axl realmente para o pau em uma chamada do Washington Post.

“Ele é uma pessoa patética e eu acho que o seu real talento é fruto do exagero” vociferou Bob Guccione Jr, o homem que aceitou subir no ringue com Axl. "Pratico karatê de contato há dez anos. Quero que ele realmente venha me pegar" complementou o indivíduo ao qual a banda direciona a pergunta: ”Você ficou puto porque sei pai come mais bucetas do que você?”. Guccione é filho do fundador da Penthouse, uma das maiores publicações pornográficas do século passado. Foi lá que ele começou a carreira em 1978 e, após intermináveis brigas com seu pai, sair da organização em 1980 e fundar a Spin em 1985. Segundo consta, a raiva da banda com Guccione veio do fato dele ter publicado nas páginas da revista o contrato que o grupo utilizava para conceder entrevistas com cláusulas do tipo “Não perguntar sobre rendimentos financeiros” e outras questões de praxe.

Outro “homenageado” na faixa foi o jornalista norte americano Andy Secher. Famoso pela extensa carreira em um mesmo veículo, Secher começou a escrever sobre música ainda na faculdade e passou a integrar a Hit Parader, conhecida publicação na área do metal desde os anos 70. Foi em suas páginas que o jornalista chamou a banda de “Guns n' Posers” e, posteriormente, teve seu nome mencionado no registro.

Famoso por biografar Iron, Led, Metallica entre outros, Mick Wall, na realidade mais envolvido na área de relações públicas do que propriamente no jornalismo, foi mexer no vespeiro quando lançou, no final dos anos 80, “Guns N 'Roses: a banda mais perigosa do mundo”, com referências nada elogiosas a Axl como “maníaco depressivo intransigente” (Wall ainda lançaria, já na década de 2000, “W.A.R.: The Unauthorized Biography of William Axl Rose”). Segundo a versão do próprio, o motivo da inserção de seu nome na música foi uma matéria que ele escreveu no início de 1990 para Kerrang! sobre uma tentativa de Axl Rose para prejudicar Vince Neil do Mötley Crüe lançando um boato sobre um suposto envolvimento entre a mulher de Neil e Izzy Stradlin.




Fonte: Whiplash

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